O adoecimento psíquico do agente penitenciário e o sistema prisional: Estudo de caso em Sete Lagoas

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Este estudo analisou a relação entre o sistema prisional e o adoecimento psíquico do agente penitenciário. Através de um estudo de caso, realizado com dezessete agentes penitenciários do Presídio de Sete Lagoas, Minas Gerais, A partir do referencial teórico de Dejours, Foucault e Goffman procurou-se analisar a questão do trabalho, subjetividade, mortificação do eu dos agentes penitenciários, bem como, a relação destes com o adoecimento. O trabalho possibilitou identificar que o agente penitenciário ainda tem sua identidade associada à do antigo carcereiro, marcada por agruras e covardias e oscilando entre uma imagem de carrasco e redentor – um dos paradoxos desta função. Paradoxo este que traz implícito a omissão do Estado ao atribuir ao agente a responsabilidade de estabelecer a conduta adequada a cada momento. Ainda refletindo sobre este paradoxo, o agente se apresenta sob e diante da relação de poder, massificado duplamente, enquanto gestor e trabalhador. Outras contradições/paradoxos dessa categoria estão presentes em outras situações cheias de paradoxos, tais como: se sentirem desvalorizados x trabalho como sinônimo de utilidade pública; desgaste físico e mental x licenças e faltas atribuídas à falta de compromisso; trabalham com pessoas que não são confiáveis x identificarem se como ‘desacreditáveis’; dizer que o trabalho não influencia a vida pessoal x escolher lugares, companhias.